domingo, 20 de janeiro de 2013

Bacalhau à Luis Novais


A esta receita, de inventada por mim, atrevi-me a chamar-lhe à Luís Novais. A base de partida é o célebre bacalhau com boroa e é muito simples de fazer, ainda que algo trabalhosa.
Ao das fotos, cozinhei-o graças ao amigo Fernando Santos que mo trouxe em atribulada viagem aérea, muito contrária aos costumes oceânicos da tão apreciada espécie.

1 Lombo de bacalhau
½ Kg de batatinhas pequenas
1 Cabeça de alho
1 Cebola
1 Ramo de coentros
1 Folha de louro
1 Ovo
1 Chouriço de barrancos ou toucinho fumado
Boroa de milho
Azeite, sal  e pimenta
Para as batatinhas:
1.       Faça um golpe nas batatinhas e, sem as descascar, ponha-as a cozer com sal durante apenas 5 minutos.
2.       Retire as batatas e coloque-as numa travessa de ir ao forno, com metade do alho picado, pimenta, a folha e louro, um pouco de sal fino e azeite, tudo previamente aquecido. Deixe-as assar até estarem bem alouradas, revolvendo-as de vez em quando. Quando estejam prontas, retire-as e coloque-as numa panela, colocada sobre outra com água fervente para as manter quentes

Para o bacalhau:
1.       Migue a boroa muito finamente. Misture-lhe um pouco de azeite e amasse até que esteja bem fundida. Junte-lhe pimenta, alho picado, um pouco de sal fino e os coentros bem picados. Por fim amasse tudo com o ovo previamente batido
2.       Na travessa onde assou as batatas, disponha a cebola em rodelas e a posta de bacalhau. Sobre esta, espalhe a massa de boroa que preparou anteriormente e, por cima, coloque o chouriço de barrancos em rodelas ou o bacon.
3.       Deite o azeite e leve ao forno tendo atenção para que asse sem secar. Eu costumo aquecer previamente ao lume até o azeite estalar e só depois levo ao forno.
4.       Quando o bacalhau estiver quase no ponto, junte-lhe as batatinhas e deixe assar um pouco mais. Dois minutos e… bom apetite J
PS: O bacalhau da foto é a melhor matéria prima que se pode encontrar em Portugal: o do Sr Victor do Restaurante e mercearia homónimos, em São João de Rei, Póvoa de Lanhoso.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Setor Privado versus Iniciativa Privada


O Sr. Alexandre Soares dos Santos é uma pessoa digna e que tem a coragem de dizer o que pensa. Isso ninguém lhe tira e ainda bem que ainda temos pessoas assim. No entanto, reconhecer isto, é diferente de pensar como ele, ou tanto como ele.
 
Numa entrevista ao Expresso desta semana, afirmou que o grande falhanço do país começa em não aceitarmos a iniciativa privada.
Concordo, mas ressalvando.
Portugal tem muito setor privado, tem até de mais. O que nos falta é iniciativa privada e, se nos falta, é precisamente porque quem está verdadeiramente dependente do Estado é esse setor, que não consegue viver sem as as ligações priveligiadas que mantém com a política.
Hoje, mais do que nunca, sabemos da quantidade de contratos e negócios milionários feitos à sombra dessa relação público-privado. Acredito que, sem ela, poucas das nossas grandes empresas (estejam ou não fiscalmente sediadas no país) seriam capazes de ter uma estratégia de sobreviência.
São contratos e negócios que estão agora a ser pagos por todos os portugueses; os tais que, também segundo o Sr. Soares dos Santos, têm aversão ao privado.
Nunca se fez tanta propaganda aos jovens: que devem ser empreendedores, que devem competir, que devem ter capacidade de risco. No entanto, a prática denuncia o discurso: quando se sabe de mais um negócio garantido pela relação entre uma empresa e um político, em que vão acreditar os candidatos a empreendedores? Que o sucesso está no mérito empresarial, ou no tráfico de influências? No risco, ou na relação obscura com o Estado?
Este não é um problema apenas português, ainda que se sinta particularmente no nosso país. Todo o capitalismo ocidental o vive: desde que a economia se financiarizou, o que interessa já não é o que se produz, mas o que se especula. E a especulação, é sabido, vive da corrupção e gera muitos ricos mas não gera riqueza. Antes pelo contrário, produz bolhas que, quando rebentam, destroem valor e obrigam os inocentes a pagar pelos culpados; precisamente aquilo a que hoje assistimos.
Pedem anunciações ao FMI que mais não são do que verdades auto-proclamadas Querem destruir a escola pública para a entregar ao setor privado. Querem destruir a saúde pública, arrasar o Estado redistribuídor… Olhemos para os exemplos: por que razão não têm os Estados Unidos uma saúde pública? Porque lá, como cá, há setor privado a mais e este não permite um verdadeiro serviço nacional. Com que resultado? O país que mais gasta per capita em saúde tem indicadores piores do que Portugal, ou Cuba: mais mortalidade infantil, menos esperança média de vida… trata-se, enfim, do país melhor e mais sofisticado a matar, mas dos piores a curar. É que, matar, curiosamente, continua a ser uma função do Estado.
Enfim, eu sou também um fervoroso adepto da iniciativa privada. Precisamos de mais? Sim. É urgente que ela vingue? Sim. Mas para isso precisamos de coragem para acabar com este "setor" privado, temos de perceber que a diminuição do Estado não pode ser uma via para engordar o setor à custa da iniciativa.
 
Luís Novais