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Não
é a primeira vez que escrevo sobre a manipulação genética e a sua exploração
comercial. O gene é a partícula que sustenta a vida e é seguramente a “tecnologia”
mais avançada do planeta. Se chegamos até nós, foi graças ao seu desenvolvimento.
Ele é sagrado e é profano. Sagrado porque sustentação de toda a vida, profano
porque mata para se apurar. Demorou milhões de anos a chegar aqui e esperemos
que muitos mais para chegar até outros; alterado, adaptado, refundado, mas
sempre ele e, nele, sempre o tempo.
É
por isso que a sua privatização é monstruosa. Ser seu dono é ser dono da vida,
ser dono da vida é ser aprendiz de divino.
Além
da questão moral, acresce a da saúde pública. Um trabalho científico recente,
demonstrou que ratos alimentados com milho transgénico da multinacional americana
Monsanto, desenvolveram grandes tumores e tiveram uma taxa de mortalidade três
vezes superior à dos que foram alimentados com milho natural.
Esta
experiência decorreu durante dois anos, contra uma idêntica, da própria
Monsanto, que durou apenas três meses e que serviu de base à autorização para a
comercialização destas sementes.
Basta
bom senso para entender que o organismo animal evoluiu em paralelo com a
disponibilidade alimentar e que, se alterarmos abruptamente as características
desta, isso terá impacto negativo naquele.
Todavia,
a-priori temos a questão da
legitimidade. Empresas como a Monsanto apropriam-se de milhões de anos de
evolução, fazendo uma pequena alteração no processo natural para depois se
tornarem donas da sua totalidade. Isto é legitimo? Para mais, as culturas
geneticamente modificadas contaminam as restantes e,
por outro processo de manipulação, o político, podemos ser condenados por
semear um pé de feijão sem lhes pagar direitos.
A
sua privatização é imoral e o desenvolvimento de pesquisas nesta área não pode
ter fins comerciais. Não estamos sequer a falar dum património que seja nosso,
mas da vida toda ela, aliás, trata-se da própria vida. É por tudo isto que o
gene deve ser declarado património da natureza, nem sequer da humanidade.
Nota: Ainda que recorrendo a um título falacioso, o jornal PÚBLICO mostra os dois lados desta experiência: ver notícia
Luís Novais
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