quarta-feira, 12 de setembro de 2012

UM GRITO DE INDIGNAÇÃO



Publicação eletrónica e gratuita do romance 
 
"Crónica d'Orelhudos" 
(com prefácio de Pedro Barroso)

Edição especial: dia 15 de Setembro todos à Manif.

 

Não sou um frequentador habitual de manifestações. Não é por preferir o conforto de casa enquanto os outros reivindicam os meus direitos. É apenas uma questão de feitio, de predisposição pessoal. Não é que aceite ficar calado perante tudo o que me queiram impor. É tão só porque cada um tem a sua idiossincrasia. A minha leva-me a uma revolta pausada, mais do que inflamada. Leva-me a debater, mais do que a gritar palavras de ordem. Leva-me a escrever mais do que a exibir cartazes.
 
Nada contra quem o faça, é apenas o meu modo. Procuro contribuir para a mudança, mas no âmbito do meu ser.
 
Sou adepto dos meios de resistência pacífica que Gandhi tão bem advogou. Prefiro, por exemplo, um dia “Todos em casa” do que uma concentração. Prefiro fazer uma greve à rua do que a rua ela mesma. Lembram-se de quando os brasileiros se vestiram todos de branco para afastar um presidente corrupto? Prefiro.
 
Todavia, há limites para aquilo que um país pode aceitar. Nem sequer falo deste Governo e destes governantes, mas de tudo o que nos trouxe até ao momento atual. É altura de dizermos claramente que não queremos ir por aí.
 
Desta vez, lamento não estar em Portugal no próximo dia 15. Não poderei ir a uma manifestação a que, agora, iria convictamente.
 
Dou o meu grito com esta edição especial da Crónica d’Orelhudos. Tem capa comemorativa “Dia 15 todos à Manif.” e está para descarga  livre e gratuita no meu blog.
 
A “Crónica” é uma fábula de gente. Gente capaz de se governar mas que se viu transformada em Orelhuda com a chegada dessa grande parideira de mulas governadoras. É também a manifestação da minha revolta, esta “Crónica”. Em alguns aspetos, só eu seu quanto.
 
Uma última palavra, para fazer um voto de que saibamos aproveitar a energia que se está a libertar. Saibamos ser criativos em todo este processo, para que não sejamos vítimas de outros que, com mais responsabilidades, já se preparam para entrar no comboio, já se preparam para lhe tomar os comandos.
 
Precisamos de saber o que não queremos? Sim, tem razão José Régio. Mas da poesia à vida, vai o salto do não querer ao querer. Que também saibamos, portanto, o que queremos. Esse é o debate que espero que saia de toda esta movimentação.
 
Lima, 12 de Setembro de 2012
 
Luís Novais
 
 





2 comentários:

  1. Eh pá, Novais, adorei essa ideia da greve à rua!!! Uma manif "Todos em Casa" é realmente o que encaixa na minha mentalidade!
    Quanto ao resto do que dizes: completamente de acordo!

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  2. infelizmente parece-me q a maioria vai ficar em casa (ou na praia) - principalmente pela perda de esperança, este desalento que vejo em todo o lado e que me assusta tanto ou mais q a austeridade...

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