sexta-feira, 16 de setembro de 2016

DE VAZIO CHEIO E OUTROS NADAS


Tique-taque, tique-taque.
Dali,
Tique-surrealista-taque.
Novela russa:
matrioscas.
Um, dentro dum.
Sucessão de mal-estar.
Contínuo:
sai este, vem aquele.
Não temos solução,
só drama que dá drama.
Lutar para não perder
o que não gosto de ter.
Tique-taque, tique-taque.
Ameaçante vazio,
o certo nada.
Vazio é mais que tudo.
Para quê?
Porque é tudo que alcançamos.
Do algo nada ao muito nada,
de zero a deserto, mas total.
Total!
Ser ou não ser,
nenhuma questão.
Ser ou fazer,
eis o drama.
Ter nada para ser tudo:
Ecce homo!
Ser não temos
e o que temos 
é não ser.


Luís Novais