segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

QUANDO EU MORRER

Deitem-me ao mar,
pela linha d’Equador.
Atlântida que nos banha,
que nos fez,
que de novo nos fará.
Na rota de Cabral
antes d’a Vera Cruz chegar,
prá Índia partido,
nesse mar que nos sonhou
e em sonho nos fez.
Deitem-me aí. Mandem-me à água,
onde siga em pensamento navegado.
Estar em tudo sendo nada,
total nos faz.
E deixem uma gota de mim,
prá terra que me lançou.
E então nas ondas meu grito:
Sou atlântido.
No Norte Vento meu alcance:
Atlântido, caralho!
Sou!
Sou atlântido de Portugal.

Luís Novais


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