quinta-feira, 16 de julho de 2020

SER PORTUGUÊS


Nasci no lugar
onde a terra acabava.
E então naveguei,
Sem saber,
naveguei.
Do fim com peso
ao princípio flutuante.
Fui barco.
Fui povo.
Fui mar.
Ondulante.
Na crista ascendente, sorria presentes.
No abismo, sorria futuros.
Sem pés na terra,
nem mais terra que não maresia,
deixei de ser
do lugar onde nasci.
E então olhei:
Olhei a meus pés
e um céu de baixo.
Olhei ao infinito
e um mar de cima.
Mar nas estrelas
Estrelas no mar
Estrelas do mar.
Cheguei ao céu, navegando.
E de povo, fiz-me sonho

Luís Novais

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