quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pelo Reconhecimento do Gene como Património da Natureza.


Logotipo da Monsanto
Não é a primeira vez que escrevo sobre a manipulação genética e a sua exploração comercial. O gene é a partícula que sustenta a vida e é seguramente a “tecnologia” mais avançada do planeta. Se chegamos até nós, foi graças ao seu desenvolvimento. Ele é sagrado e é profano. Sagrado porque sustentação de toda a vida, profano porque mata para se apurar. Demorou milhões de anos a chegar aqui e esperemos que muitos mais para chegar até outros; alterado, adaptado, refundado, mas sempre ele e, nele, sempre o tempo.

É por isso que a sua privatização é monstruosa. Ser seu dono é ser dono da vida, ser dono da vida é ser aprendiz de divino.
 
Além da questão moral, acresce a da saúde pública. Um trabalho científico recente, demonstrou que ratos alimentados com milho transgénico da multinacional americana Monsanto, desenvolveram grandes tumores e tiveram uma taxa de mortalidade três vezes superior à dos que foram alimentados com milho natural.
 
Esta experiência decorreu durante dois anos, contra uma idêntica, da própria Monsanto, que durou apenas três meses e que serviu de base à autorização para a comercialização destas sementes.
 
Basta bom senso para entender que o organismo animal evoluiu em paralelo com a disponibilidade alimentar e que, se alterarmos abruptamente as características desta, isso terá impacto negativo naquele.
 
Todavia, a-priori  temos a questão da legitimidade. Empresas como a Monsanto apropriam-se de milhões de anos de evolução, fazendo uma pequena alteração no processo natural para depois se tornarem donas da sua totalidade. Isto é legitimo? Para mais, as culturas geneticamente modificadas contaminam as restantes e, por outro processo de manipulação, o político, podemos ser condenados por semear um pé de feijão sem lhes pagar direitos.
 
A sua privatização é imoral e o desenvolvimento de pesquisas nesta área não pode ter fins comerciais. Não estamos sequer a falar dum património que seja nosso, mas da vida toda ela, aliás, trata-se da própria vida. É por tudo isto que o gene deve ser declarado património da natureza, nem sequer da humanidade.
 
Nota: Ainda que recorrendo a um título falacioso, o jornal PÚBLICO mostra os dois lados desta experiência: ver notícia
 
 
Luís Novais
 

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